QUEDA DE BRAÇO NA CÂMARA: Vereador Diego de Lisete Cita a Própria Mãe Para Provar Coerência e Acaba Validando o Adversário Gustavo Santiago

Em momento de acusações gravíssimas, a manobra do oposicionista para humanizar o debate resultou em uma autodestruição retórica, fornecendo um atestado de idoneidade ao governista.

A tribuna da Câmara Municipal de Guamaré se transformou em palco de um intenso debate de acusações e réplicas na sessão desta terça-feira (7) de outubro. O vereador Gustavo Santiago, da base de apoio do prefeito Hélio Willamy, iniciou seu discurso rebatendo o que chamou de "acusações gravíssimas" proferidas pelo vereador Diego de Lisete no início da sessão.

Gustavo reproduziu a fala de Diego, na qual a oposição alegava que o Prefeito e seus líderes estavam usando a "máquina pública para interferir na eleição da Colônia de Pescadores", em um momento de "caos administrativo e financeiro" em Guamaré. O governista questionou a validade da imunidade parlamentar, citando o STF para argumentar que a prerrogativa "não comporta discursos difamatórios, somente declarações vinculadas ao mandato político". Gustavo exigiu a retratação de Diego, sob pena de considerar a fala "criminosa" e acionar a Comissão de Ética da Casa.

A Resposta Inusitada e o Erro Tático

Ao retornar para o seu direito de resposta, o vereador Diego de Lisete não se intimidou. Iniciou seu discurso com ironia, chamando Gustavo de "paladino da moral e dos bons costumes" e o lembrando de um passado de embates, onde o próprio Gustavo teria acusado a Câmara de ter "fraudado documento".

O clímax do embate, contudo, veio quando Diego de Lisete tentou demonstrar sua "coerência" e a de sua família, mas acabou fazendo uma confissão reveladora. O vereador de oposição admitiu responder a "cinco processos abertos pelo grupo político", mas, ao tentar atacar Gustavo, revelou que sua própria mãe foi chamada a testemunhar em um desses processos.

"Inclusive, num processo que o senhor [Gustavo] responde na Justiça, minha mãe foi lá, eh, como testemunha... e falou a realidade do que aconteceu. Ela poderia muito bem, claro, atacar o senhor por questão de política, e não atacou, porque ela é coerente. Como eu sou coerente também, Vereador."

O que era para ser uma defesa, tornou-se uma confirmação: Diego afirmou que sua mãe "não atacou o senhor por questão de política" porque "ela é coerente", mas ao fazê-lo, validou indiretamente a posição defendida por Gustavo Santiago naquele processo judicial.

Vamos relembrar a fala do vereador Diego, e o ápice da resposta que revelou um processo judicial antigo:

"Inclusive, num processo que o senhor [Gustavo] responde na Justiça, minha mãe foi lá, eh, como testemunha, e o senhor sabe porque o senhor participou... e falou a realidade do que aconteceu. Ela poderia muito bem, claro, atacar o senhor por questão de política, e não atacou, porque ela é coerente. Como eu sou coerente também, Vereador."

A tentativa do vereador de oposição era usar a coerência da mãe como um escudo para sua própria conduta. Contudo, o tiro saiu pela culatra.

A Confirmação Involuntária

No contexto de um debate onde Diego questionava a moral e os bons costumes da gestão e de seus apoiadores (incluindo Gustavo), ele involuntariamente validou o adversário.

Ao afirmar que sua mãe, uma pessoa de sua confiança, "falou a realidade" como testemunha de Gustavo na Justiça, Diego deu um atestado de veracidade e legalidade à posição do governista naquele processo.

Em um momento de intensa pressão para provar acusações graves contra o Prefeito, o oposicionista usou seu tempo para elogiar a retidão de um dos pilares do grupo adversário, com o qual ele estava em guerra aberta.

A análise é clara:

Um político sob ataque, precisando apresentar fatos, recua para uma defesa pessoal que cede terreno ao oponente. A fala de Diego de Lisete não só falhou em provar sua coerência política, mas ofereceu a Gustavo Santiago a arma perfeita para rebater: se a própria família do opositor corrobora a verdade do governista na Justiça, por que as acusações políticas do momento deveriam ser levadas a sério?

O episódio fica como um lembrete de que, no plenário, a honestidade e a coerência pessoal devem estar alinhadas à coerência política, ou o resultado é um retumbante gol contra.